quarta-feira, junho 15, 2005

REFLEXOS

Os gritos são levados pelo vento,
e os ícones se quebram nas vitrines.
Cristais feridos marcam cicatrizes,
rachados das velhíssimas memórias.

Vibra no ar um rumor, uma agonia,
cavalos rubros cavalgando noites,
fantasmas fugidios de outras vielas,
de antigos becos úmidos de espasmos.

Galhos rotos das árvores sombrias
traçam riscos magérrimos no açoite
que a tristeza escondida escamoteia.

Restam sombras, talvez a sinfonia
de um delírio frustrado, nos retalhos
esquecidos nas dobras do vivido.

Gláucia Lemos

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